É unânime a importância do uso das redes sociais para uso pessoal e principalmente corporativo, mas com o passar de mais de 12 anos da criação da rede que hoje é usada por 1/7 da população mundial já é hora de amadurecer nossa vida digital.
Pensando nisso, sugerimos um livro e uma série de TV britânica que está disponível na Netflix para que você reveja sua vida digital nas redes sociais e principalmente reflita sobre como todos nós estamos fazendo uso deste mundo completamente conectado.
Como sempre, a ficção científica revela seu papel de caricaturar uma realidade para jogar na nossa cara um rumo de acontecimentos que assusta e nos faz refletir.
O Fundo do Poço no Reino Encantado
Em 2003 quando o autor de ficção científica canadense Cory Doctrow lançou o livro “Down and Out in Magic Kingdom”, traduzido para português como “O Fundo do Poço no Reino Encantado”, já pressupunha onde iríamos chegar com a escalada de status sócio-digital que estamos iniciando em nossa sociedade com publicações, comentários e compartilhamento do cotidiano em tempo real.
No livro de Cory, as pessoas se relacionam a todo momento com classificações sociais feitas por uma rede digital e não há dinheiro envolvido nas relações comerciais diárias, mas sim uma moeda chamada “whuffie”, que é adquirida sempre que o cidadão a conquista com a propagação social de uma realização real. Para exemplificar, caso o cidadão ganhasse vários elogios (likes) por ter publicado um artigo científico ou criado uma peça de teatro, ganharia mil whuffies.
Um ano depois do lançamento de Down and Out in Magic Kingdom, Mark Zuckerberg lançava seu “The Facebook”, dando largada à criação de várias outras redes sociais que foram lançadas até hoje.
Nossa realidade atual nos traz uma realidade não muito distante, onde empresas contratam influenciadores digitais que possuem muitos seguidores e fãs para fazer publicações para suas marcas. De certa forma estamos moldando nossa cultura baseada em como grandes influenciadores digitais pensam e no que desejam quem os contrata. Nada muito diferente do que já ocorria com artistas e apresentadores de programas de TV, Rádio e Cinema até a década de 1990 antes da Internet comercial. A diferença agora é a descentralização, pois qualquer um pode virar um influenciador, sem depender de um conglomerado de comunicação para chegar à opinião pública.
Hoje, assim como em “O Fundo do Poço no Reino Encantado”, já temos preço para likes, mas só estão na mão de pessoas com muitos fãs e seguidores. Será que viveremos em uma realidade baseada em status social-digital?
Black Mirror na Netflix
Para fazer-nos pensar ainda mais sobre como estamos escalando e guiando nossa sociedade para uma realidade que murará nossas vidas num mundo completamente conectado, em 2016 entrou para a lista da Netflix a terceira temporada da aclamada série britânica “Black Mirror”, discutindo exatamente o impacto da tecnologia na humanidade e em como nos relacionamos. A série entrou para o catálogo da Netflix e é sensação nos Estados Unidos desde 2014.
Neste primeiro episódio da terceira temporada a atriz Bryce Dallas Howard interpreta Lacie, uma mulher que tenta a todo custo atrair curtidas de influenciadores sociais e pessoas que se relaciona no cotidiano para ter uma pontuação maior na classificação em um aplicativo de redes sociais que rege toda a vida dos personagens. A todo o momento a personagem recebe e aplica avaliações para ações como um simples bom dia de uma pessoa no elevador ou para um atendimento que recebeu em uma lanchonete. As classificações tem uma escala de 1 a 5 e lembram muito a classificação que já existe hoje no Facebook, no Google, no FourSquare e em outras redes sociais para que clientes avaliem uma empresa. A diferença é que a classificação neste caso de Black Mirror é pessoal e pode ser vista a todo o momento graças a uma lente de contato que reconhece cada pessoa, sua ficha completa e sua classificação.
Todas as relações são regidas pela classificação digital que os personagens possuem, privando alguns até de entrarem em locais onde apenas pessoas com classificações sócio-digitais acima de um limite estipulado possuem. Em um restaurante vê-se claramente uma placa informativa que diz “Permitido apenas para pessoas acima de 3.5”.
Criado por Charlie Brooker, a série foi lançada em 2011 pelo Channel 4 da TV britânica e mostra uma antologia distópica que traz a tona uma realidade alternativa para refletirmos muito sobre nossas atitudes atuais e no reflexo em nosso futuro. "No mundo de hoje, nós estamos acostumados que a tecnologia faça coisas que há cinco anos teriam feito nossas cabeças girarem com o espanto", afirma Brooker.
Claro que a série, assim como toda obra de ficção científica, exagera um pouco, mas nos faz refletir muito sobre como estamos guiando nossas ações sócio-digitais. Para quem usa redes sociais e principalmente para quem trabalha com Internet e social media, vale muito a pena assistir.
Se vamos chegar a esta realidade não podemos prever, mas é importante que fiquemos atentos às transformações que virão e como devemos renunciar algumas formas novas de convivência sugeridas por grandes corporações.
Seja para uma empresa ou para uso pessoal, a forma como se apresenta nas redes sociais é algo que deve ser pensada. Gratidão, parcimônia e sinceridade medida são cruciais para pessoas e corporações.
Abaixo, indico alguns livros para refletir sobre este mesmo assunto e sobre redes sociais.
Reflexões sobre nosso futuro com tecnologia:
- Admirável mundo Novo (Aldous Huxley);
- 1984 (George Orwell);
- As Portas da Percepção (Aldous Huxley);
- A Cidade e as Estrelas Livro (Arthur C. Clarke).
Sobre Social media, Internet e consumo:
- Gratidão (Vaynerchuk, Gary);
- Vai Fundo! (Vaynerchuk, Gary).
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Vicenzo Berti é sócio da EquipeDigital.com e trabalha com internet desde o milênio passado. Já trabalhou com vários projetos digitais no Brasil, em Portugal, Canadá, outros estados brasileiros e principalmente em Florianópolis/SC, onde reside.
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