Você muito provavelmente ainda acha que Pokémon Go é apenas um jogo bobo que atrai pessoas com pouca coisa pra fazer. Eu mesmo cheguei a brincar com um suposto outro jogo adaptado que seria o “Enchada Go”, para fazer os caçadores de Pokémons capinar terrenos baldios no lugar de sair por aí esbarrando uns nos outros. Mas sugiro que você abra os olhos e entenda melhor de onde surgiu esta sensação, o que está provocando e o que trará para a nossa realidade em 2016 e nos próximos anos. 

A Nintendo, detentora dos direitos ao Pokémon, já teve seu valor de mercado aumentado em 9 bilhões de dólares em apenas uma semana do lançamento do jogo nos Estados Unidos. Claro que a Niantic Inc, desenvolvedora do jogo também está tendo uma hipervalorização. Muito dinheiro envolvido em um simples jogo bobo. 

Em resumo o jogo sensação do momento é uma tecnologia já conhecida (a realidade aumentada) com uma nova aplicação (game massificado) e com grande aplicação futura em diversas áreas (mapas, comércio, treinamentos, educação etc).

Por que faz tanto sucesso?

Além da tecnologia que impressiona, há a situação da nossa sociedade atual - o escape da realidade individual. Games são campeões para este tipo de comportamento. Ficamos imersos em uma realidade, fazemos parte de um grupo, temos progresso na empreitada, pensamos ser protagonistas importantes da história e isso nos dá a sensação de que fazemos parte de um propósito maior que nos dá destaque social, ao contrário de nossa vida “real”. 

O grande negócio de Pokémon Go é trazer para a nossa realidade (imagens reais em conjunto com games) uma história de jogo massivo em que todos podem participar e interagir com um simples dispositivo que hoje está no bolso de quase todos. 

Mas em breve você lembrará de Pokémon Go assim como se lembra da lâmpada incandescente que mudaram o mundo nas mãos de Edson, mas há pouco saíram do mercado para dar lugar as novas e mais eficientes lâmpadas de LED.


Origens
A origem da Niantic, pequena empresa de realidade aumentada, está ligada a startup Keyhole Inc, adquirida pelo Google em 2004, que teve participação no desenvolvimento do Google Earth e Maps. Ambas as tecnologias tiveram grande investimento do governo norte americano, que cedeu acesso, inclusive, ao uso de satélites e tecnologias que não seriam disponíveis para empresas privadas. 

Há um interesse mútuo destas empresas com a análise e monitoramento dos dados e principalmente o posicionamento de usuários no mundo todo. Desde o fim da 2ª Guerra Mundial a Casa Branca tem feito parcerias com empresas privadas para fins comuns. Sim, se você está conectado, eles sabem onde, quando e o que você está fazendo e principalmente quais informações você troca com sua rede de contatos. 

 
Sobre a parte de tecnologia, o Pokémon Go é a união de coisas que você já tinha visto, sem falar no fofinho Pikachu. Se você misturar o Second Life (alguém ainda usa isso?), a realidade aumentada, o Waze, o uso massivo dos smartphones e a história japonesa do Pokémon, eis que você tem o Pokémon Go. Voilá!

Aplicações

Claro que a publicidade é a aplicação mais certeira para o jogo, afinal muita empresas já estão de olho na plataforma e já estão anunciando e fazendo promoções, seja anunciando dentro do jogo como comprando elementos do próprio jogo para atrair Pokémons para seu endereço e gerando a visitação “involuntária” dos jogadores em suas dependências. 

Mas logo teremos a utilização da tecnologia aplicada ao nosso dia a dia fora da plataforma. Que tal apontar seu smartphone para a paisagem de uma cidade e fazer uma pesquisa com imagens reais alterando filtros para que uma seta aponte para cafés, restaurantes, hospitais e várias outras coisas de seu interesse?

Apontar o celular, escolher o filtro e seguir em frente. No lugar de apenas usar um mapa, agora você poderá mover a câmera do celular e ver, literalmente, onde está o que você deseja encontrar. 

Aplicações destinadas a cursos, jogos e RPG (Role Playing Game) para contar uma história, guias para museus, sinalização de parques e grandes espaços, são apenas algumas das funções que poderão surgir em um curto espaço de tempo.
Fique atento! O mundo mudou nos últimos dias de uma forma silenciosa, mas de forma drástica, definindo novos pilares para aplicações muito importantes e bem menos bobas do que o Pokémon Go.

Segurança

Você já deve ter ouvido falar que o jogo é uma forma dos desenvolvedores e o governo dos Estados Unidos terem acesso a sua localização, ambiente privado, costumes e preferências. Sim, você está autorizando eles a terem acesso a tudo que você possui em seu celular. Seu IP, seu email, sua localização em tempo real, sua imagem da câmera, por onde você anda, que páginas de internet você acessa e quais aplicativos utiliza são alguns dos dados que a Niantic pode ter acesso após você aceitar sua política de privacidade. 

Mas é um engano achar que só agora isso está ocorrendo. A maioria dos aplicativos que funcionam com GPS do seu celular e que tem sua autorização para acessar a câmera, agenda e demais dados pessoais já faz isso. Portanto, não ache que só agora os malditos Yankees tiveram acesso a tudo que você tem. Eles já faziam isso há alguns anos. Foursquare, Tinder, Happen e tantos outros aplicativos já tem acesso a vários dados e ninguém nunca alardeou tanto quanto agora com o bobo Pokémon Go. 

Mas fique ligado! Evite acessar o Pokémon Go com sua conta do Google, Facebook ou outra rede. Faça um login específico para o jogo e não bobeie por aí, ainda mais se você for caçar Pókemons em locais pouco seguros na “vida real”. Pode ser que você seja o próximo Pokémon a ser caçado. Rsrsrs

Há de se mencionar também a segurança no sentido físico, tanto alardeada pelos canais de mídia tradicional. Atropelamentos, descoberta de cadáveres, assaltos e tantas outras coisas que ocorreram com a chegada do game no Brasil e tantos outros países. Mas esse já é outro tipo de problema.

E aí? Já jogou Pokémon Go?

Se não jogou, experimente. Não tira pedaço e você já vai se acostumando com a tecnologia que logo você usará em diversas outras aplicações. 

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