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Florianópolis recebe o V Encontro Brasileiro sobre Ilustração Científica em julho

    No mês de julho, Florianópolis vai receber o V Encontro Brasileiro sobre Ilustração Científica no Campus da Grande Florianópolis na UNISUL. O encontro oferecerá palestras, mini-cursos, discussões científicas, além das Exposições Nacionais de Ilustração Científica (ExpoNIC).

    O congresso tem início dia 20 de julho, no Auditório da UNISUL (Campus Dib Mussi) e segue até o dia 23, com passeio com ilustração no Parque Municipal da Lagoa do Peri. Para conferir a programação completa clique aqui.

    Para se inscrever, você deve entrar no site do Encontro, preencher o formulário e proceder com o pagamento da inscrição que dará direito à participação em palestras, sessão portfólio e discussões do evento.

    Segundo a Dra. e professora e dos Cursos de Computação, Sistemas de Informação e Design da UNISUL, Maria Inés Castiñeira, o foco do congresso este ano será sobre as novas tecnologias como auxilio ao ilustrador científico. O evento tem como objetivo difundir para o grande público o que é a ilustração científica. Além disso, o congresso dá a possibilidade para o público conhecer mais sobre esse assunto.

    Confira a entrevista que a EquipeDigital.com realizou com a Professora Maria Inés Castiñeira e o ilustrador científico Leandro Lopes de Souza sobre a Ilustração Científica:

    Qual a diferença entre desenho e ilustração?
    Leandro: Geralmente as pessoas não sabem a diferença entre as duas coisas, mas conceitualmente o desenho ele é algo feito por si só, ele não tem uma finalidade. Já a ilustração ela tem uma finalidade, e normalmente está associada a um texto.

    Qual a diferença entre ilustração científica e ilustração artística?
    Leandro: A ilustração científica é uma imagem que compõe um texto científico, a imagem deve ser mais objetiva. Já a ilustração artística é somente uma imagem que compõe um texto. É importante dizer que a ilustração científica consegue mostrar a realidade de uma forma que seria impossível através de uma fotografia. Porém pode se usar a fotografia para fazer a ilustração, pois pode servir como um apoio aos ilustradores.

    Quais as principais áreas de atuação de um ilustrador científico?
    Leandro: No Brasil, é muito comum os ilustradores irem para área botânica. Mas mundialmente, existem áreas em todos os segmentos da ciência, por exemplo, paleontologia, história, zoologia ou ilustração médica que ilustra os processos cirúrgicos ou coisas relacionadas à anatomia. Mas as áreas mais comuns são: botânica e zoologia.

    Como surgiu o seu interesse pela área?
    Leandro: Desde pequeno eu gostava de desenhar. Eu fiz faculdade de biologia por causa de insetos, porque era algo que eu gostava muito. Então, a biologia com a vontade de desenhar acabou virando isso que eu faço hoje. 

    Quanto tempo pode demorar uma ilustração?
    Leandro: Depende, você pode fazer uma ilustração em algumas horas ou em alguns meses.

    A ilustração científica sofreu muita mudança desde o século passado?
    Leandro: Sim, em alguns pontos. No entanto ela é ainda muito semelhante porque a gente começou a usar meios digitais, isso fez as ilustrações mudarem muito desde o século passado.
    Hoje em dia, o ilustrador poder aumentar a experiência de quem está vendo a ilustração. Porque antes a ilustração era só a imagem que acompanhava o texto, mas agora você pode ter em tridimensionalmente. Portanto a experiência de quem está vendo a ilustração pode mudar. 

    Como vocês analisam a questão sobre as novas tecnologias incorporadas no campo?
    Professora Inês: Eu acho que abre um leque de possibilidades para o ilustrador científico, desde a parte de conseguir enxergar melhor aquele objeto que está sendo retratado, até as formas de representar eles.

    Existem algumas tecnologias que já existem desde 1800. A camada clara, um tipo de lente, os microscópios que ampliam ou que permitem enxergar e até desenhar um objeto extremamente pequeno. Hoje essas tecnologias permitem também essa parte de representação, usar a realidade virtual, animações.

    Pra quem está querendo entender como que é aquele objeto, o uso da tecnologia é fantástico porque permite coisas que antes era muito complicado.

    Em termos no Brasil e no Mundo, como está o cenário da ilustração científica?
    Leandro: O Brasil está bem representado, os ilustradores brasileiros estão ganhando diversos prêmios, principalmente na área da botânica. Existe um prêmio bastante conhecido na Austrália que todo o ano tem algum ilustrador científico entre as três primeiras posições. 

    Além disso, a Sociedade Americana de Arte Botânica nos Estados Unidos possui um contato direto com os ilustradores do Brasil. Os ilustradores brasileiros têm dado cursos no exterior, o pessoal tem uma formação muito boa.

    Quais nomes você poderia citar de referência?
    Leandro: No mundo, para ilustração médica eu gosto muito do Karl Wesker. Já no Brasil tem a Diana Carneiro, Rogério Lupo, na ilustração botânica. Em Curitiba existe um grupo que é o Centro de Ilustradores Botânicos onde a Diana Carneiro, Fátima Sagonele, Rosane Quintela, Simone Ribeiro, fazem parte. 

    Na parte de aves posso citar o Bretas, ele é uma referência na parte de aves no Brasil. Além disso, tem um ilustrador que está se destacando muito nacionalmente que é o Rodolfo Nogueira na área de paleontológica.

    Também podemos citar a Irian Starlin, que é uma referência em ilustração médica e o Angelo Schumann.

    Todo mundo que vai estar presente no encontro são excelentes ilustradores, então teria que citar todos eles.

    Em relação ao evento, como surgiu o Encontro Brasileiro de Ilustração Científica e quais os objetivos desses encontros?
    Leandro: Todos os Ilustradores existiam, mas ninguém sabia onde se encontrar. Até que, por causa da forma que a comunicação começou a evoluir, através das redes sociais, os ilustradores começaram a entrar em contato um com o outro e resolvemos fazer um encontro de ilustração científica. Assim, em 2006 aconteceu o primeiro encontro em Belo Horizonte. 

    O que você tem a dizer para o público leigo que tem interesse, mas não conhece muito bem a ilustração científica?
    Professora Inês: Primeiramente eu falaria para esse público participarem do Encontro para entender mais sobre o assunto, que ele será muito bem-vindo.
    Leandro: Além disso, podemos dizer que todo o ilustrador deve estudar, esse é o primeiro passo, mas que no encontro todos vão com intuito de ensinar e aprender.

    O que podemos esperar do V Encontro Brasileiro de Ilustração Científica?
    Leandro: O mais legal do evento é poder encontrar as pessoas, quando você tem a oportunidade de ver os ilustradores, os trabalhos expostos originais são transformadores. Principalmente para quem ta começando, esse evento é muito interessante, pois nos encontros só vão ilustradores que estão dispostos a ensinar o que sabem e pessoas que querem aprender, é uma troca de informação e de vivência muito grande.